domingo, 13 de fevereiro de 2011

Criogenia: Ciência vs Ressureição



Antes de tudo, a criogenia é um ramo da físico-química que estuda tecnologias para a produção de temperaturas muito baixas, principalmente até a temperatura de ebulição do nitrogênio líquido (77 K, -196,15 ºC) ou ainda mais baixas, e o comportamento dos elementos e materiais nessas temperaturas.

Liquefeitos, os gases como o nitrogênio e o hélio são altamente explorados nas aplicações criogênicas. O nitrogênio líquido é o elemento mais usado na criogenia e pode ser comprado legalmente em todo o mundo (por pessoas autorizadas, é claro), porém o hélio líquido gera temperaturas mais baixas, mas tem um custo mais alto.

Criogenia Humana

É denominada criogenia humana a técnica de congelamento de cadáveres, ou células, para que sejam ressuscitados no futuro. Nos dias atuais isso já dá certo com embriões: óvulos fecundados podem ficar na “geladeira” com boas chances de sobreviver a um descongelamento – cerca de 60%. Com base nisso, muitas pessoas acreditam que isso possa funcionar com seres humanos inteiro, sendo que hoje, aproximadamente 177 pessoas e cerca de 60 animais já foram congeladas depois de morrerem.

A idéia básica é simples, incrível e fantástica: após você morrer, médicos te colocam num tanque de nitrogênio líquido, guardado a -196ºC, temperatura em que não há decomposição das células do corpo. Passados 500 anos, os cientistas descobrem (ou não) um jeito de combater a doença que causou a sua morte e o descongelam. Mas nem tudo são flores.

Os próprios métodos usados para congelar uma pessoa causam danos às células, que só poderiam ser reparados por tecnologias que ainda não existem” - Robert Ettinger, grande divulgador da técnica

Como funciona a criogenia?

1. Quando o paciente é declarado morto, os médicos tentam evitar a deteriorização do corpo injetando medicamentos e usando máquinas para que se mantenha a circulação do corpo e a oxigenação, evitando a morte de partes singulares.
2. O corpo é envolto em uma espécie de manta, que o ajuda a mantê-lo frio, e então é transportado até uma clínica em temperaturas baixas, que fazem o cérebro exigir menos oxigênio para manter os tecidos vivos por mais tempo.

Como uma célula em estado normal é composta principalmente de água, após o congelameto a tendência é que essa água se agrupe formando cristais de gelo (que espremem e danificam as células). Então é feito um processo chamado vitrificação, que faz com que a água se mova cada vez mais devagar – é o chamado estado de animação suspensa.

1. Na clínica, o sangue do “paciente” é retirado, enquanto por outro tubo, é inserido um líquido crioprotetor, uma substância química a base de glicerina. Este líquido substitui outros compostos intracelulares, evitando assim que se formem cristais de gelo dentro das células.
2. Depois da injeção das substâncias, o corpo fica em uma cabina com gás nitrogênio circulante por cerca de três horas. Este processo assegura que todas as partes do corpo fiquem congeladas por igual. No final desta etapa, o “paciente” estará completamente vitrificado.
3. Em seguida, o corpo é colocado em um saco plástico protetor e imerso em um cilindro de nitrogênio liquido, onde é monitorado. Nesta fase, há riscos que ocorram fraturas no corpo, principalmente nas áreas que são submetidas à vitrificação – já que, o próprio líquido criogênico pode endurecer e quebrar.
4. Por fim o corpo é colocado em um tubo de nitrogênio com mais três corpos e duas cabeças. Os corpos pode ficar ali por centenas de anos até que a ciência descubra um modo de recuperá-los, ou não…


Preços e Ficção Científica

Hoje o processo só é realizado por duas empresas: a Alcor e a Cryonics Institute. Como dito anteriormente, a criogenização não é fácil e muito menos é barata. Hoje se pode ser congelado por 82 mil reais, ou você pode congelar seu animal de estimação por 17 mil. É claro, se você viverá para sempre, é necessário que animalzinho companheiro tambem viva.

A criogenia é um assunto bem debatido quando o foco é ficção científica. Filmes como “Sleeper” de 1973 e “2001: Uma odisséia no espaço” de 1968 já falavam sobre o assunto em meados da década de 70. Existem também exemplares mais novos de filmes que falam sobre, como por exemplo: “Austin Powers: um agente nada discreto” (1997), “Eternamente Jovem” (1992), “A.I. – Inteligência Artificial” (2001).

Mas a principal pergunta é: Vale mesmo a pena entregar meu sagrado dinheirinho em algo que não tem 100% de certeza de funcionar?

É interessante ressaltar, ainda, que é um processo de risco: já que, se as empresas vierem a falir, os corpos que ela guarda serão entregues para estudos ou até mesmo descartados.

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